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Por que parei de usar o Instagram: Um psicólogo compartilha sua experiência

  • Foto do escritor: Pedro Kunzler
    Pedro Kunzler
  • 13 de abr. de 2024
  • 3 min de leitura

Atualizado: 18 de abr. de 2024


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Desde que me tornei psicólogo tenho estado mais atento aos impactos das redes sociais na saúde mental das pessoas. Vejo na minha prática clínica o quanto o uso indiscriminado das redes sociais afeta e muito a autoestima e o bem estar dos pacientes. 


Após uma reflexão profunda e observação cuidadosa de meu próprio comportamento, decidi encerrar minha conta no Instagram em 2019. Não foi uma decisão fácil, mas foi uma escolha consciente, com ajuda de muita terapia, em busca de um equilíbrio emocional e mental.


O Instagram, como muitas outras plataformas de mídia social, pode ser uma faca de dois gumes. Por um lado, oferece uma plataforma para conexão, expressão criativa e compartilhamento de momentos significativos. No entanto, por outro lado, pode contribuir para sentimentos de inadequação, comparação excessiva, ansiedade e até mesmo depressão.


Estatísticas mostram que, em média, mais de um bilhão de pessoas utilizam a plataforma mensalmente, sendo que cerca de 500 milhões acessam diariamente. Além disso, estudos revelam que o Instagram é uma das redes sociais mais associadas à comparação social e à preocupação com a imagem corporal.


Pesquisas apontam que o constante bombardeio de imagens idealizadas de corpos e estilos de vida perfeitos pode contribuir para o desenvolvimento de distúrbios alimentares, baixa autoestima e outros problemas de saúde mental, especialmente entre adolescentes e jovens adultos.


Como psicólogo, percebi que estava sendo afetado pelos mesmos padrões de comportamento que observava em meus pacientes. Além disso, o algoritmo do Instagram cria uma bolha de filtragem que reforça nossas próprias crenças e visões de mundo, limitando nossa exposição a perspectivas diferentes e contribuindo para a polarização social. Isso pode ser prejudicial para o desenvolvimento de empatia e compreensão mútua.


Ao deixar o Instagram, ganhei mais tempo para atividades significativas e conexões pessoais reais. Afinal a autoestima não deve depender do número de likes em uma foto ou do número de seguidores que se tem. Minha validação vem de dentro, não de fora.


Claro, reconheço que o Instagram pode ter benefícios para algumas pessoas, especialmente se for usado de forma consciente e equilibrada. No entanto, para mim, os custos superam os benefícios.


Na minha prática clínica encorajo meus clientes a refletirem sobre seu uso das redes sociais e a avaliarem como isso afeta seu bem-estar mental. Não se trata apenas de abandonar plataformas como o Instagram, mas sim de cultivar uma relação saudável e consciente com a tecnologia, garantindo que ela nos sirva, em vez de nos controlar.


Psicólogos e Instagram


Ouço regularmente de alguns colegas que se utilizam do Instagram para divulgação do trabalho que estar no aplicativo é necessário para a captação de novos clientes e para contato com colegas, mas isso não é verdade. 


O Instagram, por ser uma rede informal e com conteúdos que podem ser duvidosos, muitas vezes mistura o pessoal e o profissional, o que pode tornar difícil para os pacientes manterem uma distinção clara entre o terapeuta como pessoa pública e o terapeuta como profissional. Isso pode afetar a dinâmica da relação terapêutica e a confiança do paciente.


Lembro uma vez na graduação de um professor que disse: “psicólogo que usa Instagram é igual pneumologista que fuma”, fazendo uma alusão a profissionais que sofrem dos mesmos problemas que tratam dos seus pacientes.


Enquanto o Instagram pode oferecer oportunidades de marketing e alcance, é importante que nós psicólogos ponderemos cuidadosamente os potenciais impactos negativos antes de decidirmos utilizar a plataforma para divulgação profissional.


Penso que seja interessante que o profissional se questione do real motivo em estar no Instagram. Pode ser útil para a sociedade quando utilizado como uma ferramenta para educar e inspirar, promovendo mensagens positivas e de autocuidado.


Acho também que uma exposição excessiva pode prejudicar a isenção e abstenção no vínculo terapêutico, já que pode criar uma relação desigual de poder e influência entre o psicólogo e o paciente. Isso pode dificultar a objetividade e a imparcialidade do terapeuta, comprometendo a qualidade do tratamento.


O que eu oriento é importância em manter um equilíbrio saudável entre a divulgação profissional e a preservação da relação terapêutica e, sem dúvida, antes de mais nada, questionar a si mesmo sobre o que essa plataforma representa para o desenvolvimento profissional e principlmente para o próprio bem estar.


O Dilema das Redes


O documentário "O Dilema das Redes" oferece uma visão dos bastidores das mídias sociais e de como são projetadas para manipular nosso comportamento e maximizar o tempo que passamos nelas.


Ao assistir, fiquei ainda mais consciente dos perigos do uso excessivo das redes sociais e da importância de questionar como essas plataformas estão moldando nossas vidas e sociedades. Ele destaca como algoritmos poderosos são utilizados para direcionar nossa atenção, moldar nossas opiniões e influenciar nossos comportamentos de maneiras muitas vezes invisíveis e preocupantes. 


É essencial estabelecer limites claros e conscientes em relação ao uso das redes sociais, visando proteger nossa saúde mental e nosso bem-estar emocional.



 
 

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